3 – ADAPTABILIDADE
A adaptabilidade visa ajustar o desempenho da cadeia de suprimentos, de forma a acomodar mudanças no mercado, ou simplesmente, ter a capacidade de adaptar-se às mudanças do mercado. Ela deve evoluir juntamente com as mudanças econômicas, políticas, tendências sociais e tecnológicas. Os métodos para se alcançar este objetivo – a adaptabilidade – remetem, inicialmente, ao conhecimento do ambiente que influencia o negócio da empresa/cadeia. Mudanças econômicas são talvez as mais importantes (taxa de câmbio, ou preço de um insumo tratado como commodities – petróleo, por exemplo). Estas mudanças econômicas, provavelmente são mais importantes em países em desenvolvimento, como o Brasil.
Criar um nível de flexibilidade que assegure que os mais variados produtos possam usar os mesmo processos e compartilhar alguns componentes é outro ponto importante. Cadeia de Suprimentos flexível é aquela em que todas as empresas envolvidas na rede conseguem se adaptar, coordenadamente, com o objetivo de atender ou criar uma demanda diferenciada, de forma competitiva (COELHO, FOLLMANN & RODRIGUEZ, 2007).
A possibilidade de, rapidamente, substituir um produto por outro numa linha de produção somente é possível se houver suprimentos num curto espaço de tempo. Daí novamente a importância da gestão de estoques, ou no caso proposto, gestão de pulmões através do TPC. Além disso, a flexibilidade e a organização criadas pelo uso do TPC tornarão possível desenvolver canais diferentes para diferentes linhas de produtos, de maneira que as características e capacidades de cada uma estejam otimizadas.
4 – ALINHAMENTO DE ESTRATÉGIAS
É preciso garantir que todas as empresas que compõem a cadeia de suprimentos tenham estratégias compatíveis ou similares, o que irá facilitar mudanças nos planos em caso de necessidade. Para exemplificar esta situação pode-se tomar uma empresa que busca se destacar no mercado através do alto valor agregado em seus produtos, como acabamento, detalhes, funcionalidade, disponibilidade, etc. Seus parceiros devem ter a mesma característica. Caso estes tenham por objetivo, em seus sistemas produtivos, o baixo custo, será muito mais difícil convencê-los a manter um estoque de segurança, investir em uma nova tecnologia, etc.
Além de estar preparado para mudanças, é preciso que os parceiros estejam preparados para mudar em conjunto e para a mesma direção. Só desta forma a cadeia de suprimentos manterá sua característica de sucesso em períodos de instabilidade. Esta característica visa estabelecer incentivos de maneira que os parceiros melhorem seu desempenho, sincronizando ações e atingindo sinergia. A maneira como se chega neste resultado passa por prover todos os parceiros com igual acesso a previsões, dados de vendas, e planos; definir claramente os papéis e responsabilidades de cada um, evitando conflitos e dupla tomada de decisões. É necessário redefinir os termos da parceria, dividindo riscos, custos e recompensas, para melhorar o desempenho da cadeia. Além disso, o alinhamento de incentivos para que envolvidos possam maximizar a performance global da cadeia, enquanto também maximizam seu retorno em função da parceria.
Novamente, o TPC é importante neste processo, pois obriga as empresas a trabalharem em função dos mesmos objetivos. Elimina-se, por exemplo, promoções isoladas para desovar produtos em estoque. Esta forma de trabalho deve inclusive levar as empresas a trabalhar em conjunto para a melhoria de processos que venham a beneficiar toda cadeia.
5 – COMO ATINGIR ESTAS CARACTERÍSTICAS E OBTER A TÃO DESEJADA VANTAGEM COMPETITIVA
Vários fatores influenciam o modo de alcançar estas três características, como, por exemplo, o tipo de relação com fornecedores e clientes, o sistema de produção, o grau tecnológico empregado, dentre outros, pois não há fórmula mágica, a resposta está dentro da empresa. NOVAES (2004) afirma que uma cadeia de suprimentos é a integração dos processos industriais e comerciais, partindo do consumidor final seguindo até os fornecedores iniciais, gerando produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente. Dessa forma, todos os componentes devem estar voltados para este fim: entregar mais valor ao cliente, de forma que este valorize mais o produto.
Uma maneira de atingir um alto grau de agilidade na cadeia de suprimentos é através do uso intensivo de ferramentas de tecnologia de informação em conjunto com uma estratégia de alocação de estoques, como o TPC: se mudanças no padrão de consumo podem ser detectadas em tempo integral, então estratégias entre fornecedores e clientes podem ser delineadas com mais facilidade. Diferentes filiais ligadas online, centros de distribuição tendo informações real-time do consumo e provedores logísticos cientes dos níveis de produtos (em estoque e em trânsito) colaboram para aumentar a agilidade da cadeia de suprimentos.
Para alcançar um bom nível de adaptabilidade, no caso de produtos altamente customizados (e conseqüentemente de baixo volume), por exemplo, deve-se utilizar vendedores próximos aos principais centros consumidores. Se o tipo de negócio é o inverso, com alto volume de produção (o que implica baixa customização, produção em massa), exemplos mundiais mostram que deve-se buscar contratos com indústrias mais baratas, em países com menores custos – e a China é o maior exemplo disso – e investir na distribuição, também, em massa do mesmo.
E para convencer os parceiros a estarem alinhados com a estratégia da empresa, além de maturidade para entender que trabalhar em conjunto é a melhor opção para o sucesso, é importante estabelecer um conjunto de incentivos para aqueles que colaboram, e punições (por exemplo, através da exclusão comercial) para aqueles que ainda não o fazem. Por exemplo, os contratos podem ter cláusulas que estabeleçam multas em caso de atrasos em entregas; por outro lado, para fornecedores qualificados, as entregas podem ser dispensadas de verificações individuais, poupando tempo daquele que faz a entrega, agilizando o processo e economizando dinheiro.
Continuaremos falando sobre este assunto ainda esta emana.
Este material é parte do trabalho desenvolvido na SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia