As dúvidas e os esforços para conter o avanço da Covid-19 começam a influenciar até mesmo em uma mudança no perfil de consumo das pessoas: pode haver crescimento do e-commerce frente ao comércio físico e alta na demanda de entregas para as empresas de logística.
Em escalada global, o coronavírus está provocando desafios gigantescos à saúde pública e ao convívio social. A pandemia tem modificado padrões de trabalho, limitado a circulação de pessoas e deve gerar consequências econômicas ainda incertas para os mais diversos setores. As dúvidas e os esforços para conter o avanço do vírus começam a influenciar até mesmo em uma mudança no perfil de consumo das pessoas: pode haver crescimento do e-commerce frente ao comércio físico e alta na demanda de entregas para as empresas de logística.
Especialistas mundo afora começam a indicar essa probabilidade de crescimento no comércio eletrônico e os serviços de delivery a medida que os consumidores permanecem em quarentena e evitam ir até lojas físicas e ambientes de grande fluxo de pessoas. Com isso, os desafios logísticos são amplificados e o setor tende a ser um importante ator social no abastecimento da população e traduzindo-se em um serviço essencial enquanto o quadro de incertezas permanecer.
É o que sinaliza um artigo publicado pela eMarketer – empresa norte-americana de pesquisa de mercado – com dados da plataforma Coresight Research. O recente estudo indica que 28% dos internautas dos EUA – centro comercial do planeta – já estão evitando áreas públicas ou viagens devido ao Covid-19, enquanto outros 58% disseram que devem fazer o mesmo se a situação piorar.
A análise é ainda mais profunda ao identificar que 74,6% dos internautas norte-americanos provavelmente evitarão shoppings centers se o surto persistir e mais da metade evitará lojas em geral. A tendência de aumento no número de usuários que decidem fazer suas compras online está exigindo respostas rápidas das empresas de logística brasileiras para manter os prazos de entrega dentro do limite acordado entre as empresas de e-commerce e seus clientes.
Em muitas empresas de Logística, medidas de prevenção foram tomadas para a segurança dos funcionários , como trabalhos em home office e serviço de triagem e medição de febre a fim de evitar a contaminação dos colaboradores em função do vírus. Um banco de talentos, também com triagem frequente, foi contratado para dar suporte aos serviços.
Além dessas medidas, fornecedores e entregadores , passaram por adaptações visando garantir a prestação de serviço com mais segurança e menos risco de contágio pelo coronavírus para os funcionários e os clientes. Motoristas estão recebendo treinamentos de como proceder a cada entrega, a forma correta de higienização (incluindo o produto), e o recebimento de “pop-ups” lembrando sobre o uso do álcool em gel durante cada entrega de pacote.
Outro exemplo vem de uma empresa catarinense. Na visão do CEO da Motoboy.com, Jonathan Pirovano, “entendemos e apoiamos esse momento de resguardo. É necessário ficar seguro em casa”. A startup de entregas ultrarrápidas com base em Joinville (SC) atende mais de 30 mil pedidos por mês. Com o período de quarentena, a equipe se prepara com estratégias reforçadas de logística para não deixar ninguém passar por necessidades, além de intensificar as medidas de contenção.
“Os motoboys cadastrados na plataforma são orientados a seguir todas as recomendações de segurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Todos estão cientes dos riscos, tanto para clientes quanto para eles próprios. Os cuidados com higiene precisam ser redobrados”, explica. Além das entregas cotidianas, a Motoboy.com também está preparada para atender aos pedidos de farmácias, hospitais e redes de supermercados. “As empresas de serviços essenciais não podem parar. É um momento difícil, mas também de muita humanidade”, afirma.
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com o Compre & Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, divulga relatório com as variações no faturamento do e-commerce brasileiro causadas pela crise do novo coronavírus (Covid-19). O estudo compara vendas realizadas em fevereiro e março de 2020 com as do mesmo bimestre de 2020 e mostra aumento significativo no consumo dentro do varejo digital.
Em números, a análise mostra que houve aumento significativo no consumo das categorias de Supermercados (80%), Saúde (111%) e Beleza e Perfumaria (83%). Por outro lado, segmentos como Câmeras, Filmadoras e Drones (-62%), Games (-37%), Eletrônicos (-29%) e Automotivo (-20%),apresentaram forte queda no período.
“Houve uma mudança significativa no comportamento do consumidor com a chegada da Covid-19. Setores que geralmente apresentam bons resultados tiveram queda significativa, enquanto outros, de menor porte no e-commerce, ganharam o protagonismo. A tendência é que o cenário continue dessa forma, com consumidorescada vez mais engajados nas compras à distância e movimentando de forma significativa o consumo de categorias relacionadas às necessidades básicas do dia a dia e ao esforço de prevenção da Covid-19”, destaca André Dias, diretor executivo do Compre&Confie.
Esse é um ponto de vista compartilhado por Mauricio Salvador, presidente da ABComm, ao afirmar que a falta de mobilidade urbana é um atrativo valioso para o varejo digital. “Quem não levou seu modelo de negócios para a internet está em desvantagem agora, correndo risco de sobrevivência, principalmente pelo
fato de não sabermos quanto tempo vai durar essa crise”, afirma. “É preciso buscar presença digital e começar a vender on-line de forma rápida e simples, sem a necessidade de investimentos massivos”, completa.
Fonte: Jornal do Comércio
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