Certamente todos sabem que o desenvolvimento do plano de demanda é a peça chave e fundamental para o planejamento e execução da Cadeia de Suprimentos completa. O qual, suporta o valor e relevância de qualquer companhia, mas que é o que se sucede quando se começa a apresentar diversos problemas no dia a dia da operação, por exemplo:
• Vendas perdidas
• Entregas de pedidos incompletos
• Excesso ou falta de estoque
• Custos adicionais de transporte e armazenagem
• Incremento nos tempos de entrega
• Realizar compras urgentes por falta de matéria prima
• Diminuição no fluxo de caixa
• Sobreutilização de maquinário e recursos humanos
• Incremento de produtos obsoletos
Aqui é onde nossa peça chave, que falamos anteriormente, se transforma em um dos grandes culpados de todos os problemas da companhia e sobre tudo da pior consequência que se pode esperar: a perda de clientes e sua mudança para os concorrentes.
Assim é, o plano de demanda influencia em ambos os lados da balança, tanto para o bem quanto para o mal, por isso a importância, tempo e esforço dedicados a este tema.
Mas onde a elaboração deste plano pode se desviar e entregar resultados não esperados? Esta pergunta pode ter muitas respostas que frequentemente se reduzem a uma, não atingir o equilíbrio entre a demanda e o suprimento, que se deveria ter obtido em um processo S&OP que permitiria ter consolidado todas as áreas sobre um mesmo plano.
Para começar, é importante salientar que um plano de demanda nunca será exato, nada pode prever o que acontecerá no futuro, ao menos nada nos dias de hoje pode, é por isso que seu objetivo se concentra em permitir diminuir os desvios da realidade, analisando informações que nos ajude a gerar planos de ação que nos auxilie a satisfazer o que nossos clientes exigem de maneira rápida e rentável.
Partindo da premissa anterior, a elaboração do plano de demanda começa com as áreas comercias como Vendas, Marketing, Novos Produtos, Administração, etc. Elas são responsáveis de elaborar o que chamamos “plano de demanda irrestrito”, no qual é refletida unicamente a intenção comercial de venda, sob a suposição de que tudo é viável de fabricar, armazenar e distribuir.
Se tomamos a elaboração do plano de demanda como um plano meramente comercial, como acontece em muitas organizações, pensaríamos que a única coisa que necessitamos neste processo é conhecer os dados históricos de venda, inteligência de mercado, promoções, eventos, lançamentos de novos produtos, etc. O qual é correto, já que são informações fundamentais mas não são tudo, é somente a primeira etapa da elaboração do plano, devemos entender o verdadeiro alcance do plano de demanda e quem são todos os responsáveis que devem participar em sua elaboração.
A segunda etapa de elaboração do plano de demanda é com a participação das áreas de Compras, Produção, Armazenagem, Inventários, e Distribuição, que com sua contribuição surge o plano de suprimentos e recursos, o qual se torna um elemento crítico para atingir um plano integral, real e único para toda a companhia. A participação de suprimentos e operações consiste basicamente em tornar o plano de demanda irrestrito e analisar o quão factível é contar com o produto no local e no tempo que se quer, atingindo o equilíbrio da demanda com a realidade operativa da companhia, além de saber quais são os pontos fortes e as limitações que nos permitam tomar decisões e guiar o rumo da companhia.
O objetivo principal desta etapa é identificar os fatores restritivos de suprimentos e recursos que poderiam afetar a execução do plano de demanda, quais são as capacidades de produção, restrições de suprimentos e armazém, estratégias de compras e produção, contratos estratégicos e tempo de entrega de fornecedores, custos operativos, níveis e políticas de estoque, etc. e com toda esta informação poder elaborar possíveis cenários e alternativas de solução, como por exemplo avaliar quão factível é fazer um esforço para atingir a demanda real de nossos clientes, administrar a escassez de produtos e seu posicionamento no mercado, contratar transporte adicional ou alugar mais espaço de armazenagem.
É importante esclarecer que todos os cenários possíveis gerados com o planejamento de suprimentos e recursos se devem considerar como base sua rentabilidade, sempre estando alinhado com os resultados financeiros e não como há algum tempo atrás, onde a ideia de manter o nível de serviço sobre qualquer coisa, mesmo envolvendo grandes custos que é uma decisão que dificilmente gerará saúde financeira para a companhia.
Uma vez elaborada e analisada esta informação deve ser compartilhada dentro do tempo dentro dos canais de comunicação estabelecidos, com o fim de serem revisadas e acordadas pelas áreas envolvidas durante a adoção do plano de demanda final com a alta administração.
São muitos os benéficos gerados ao considerar o planejamento de suprimentos e recursos no momento certo e com as variáveis necessárias para determinar o plano de demanda integral, tais como:
• Atingir o equilíbrio perfeito entre nível de serviço vs rentabilidade
• Diminuição de custos de transporte, distribuição, inventario e armazenagem
• Otimizar as compras através de um planejamento melhor
• Reduzir as ordens urgentes
• Melhorar a aderência aos planos e a colaboração com fornecedores
• Otimizar os níveis de estoque
• Reduzir tempos de entrega
• Reduzir obsolescências
• Melhor utilização da infraestrutura e recursos da companhia
Para ver todos estes benéficos virarem realidade é necessário que o planejamento seja realizado de maneira colaborativa e integral, com o apoio, participação e abertura de todos os envolvidos, tanto da parte comercial como operacional sem esquecer de finanças, a responsabilidade não é apenas de uma área e sim de todas, não se trata de ter apenas um responsável pelo plano de demanda e sim um plano onde todas as áreas se responsabilizem pela parte que te corresponda sempre tendo em mente que você nunca tem recursos e capacidade infinitas para atender a 100% da demanda, sendo assim deve-se considerar o feedback de suprimentos como elemento chave para elaborar o plano de demanda final.
* Vinicius Monteiro, consultor Miebach