Todo segmento possui um vocabulário ou jargão próprio – não seria diferente no setor logístico. Transportadoras, empresas de carga, operadores logísticos e até clientes desses grupos utilizam linguagem própria na hora de transportar. Um termo bastante comum utilizado (mas que ainda gera dúvidas) é a cubagem. O termo se refere a um cálculo matemático relativamente simples, que visa à otimização do uso da capacidade de carga de carretas e caminhões, tanto em termos de peso total quanto em termos de volume de mercadorias transportado.
A cubagem nada mais é do que a relação entre volume e peso, que verifica a distribuição do peso da carga em função do volume existente para acomodação da caçamba ou baú de um caminhão, por exemplo. O objetivo é simplesmente evitar que se carregue peso demais em um volume muito pequeno (deixando de aproveitar espaço no caminhão) ou que se ocupe um volume enorme para uma mercadoria relativamente leve (desperdiçando capacidade de carga do veículo em tonelagem).
Custo versus espaço
A cubagem é uma variável importante no que se refere a custos de transporte no segmento logístico. Por questões de espaço ocupado, cargas de peso completamente diferente podem ter, eventualmente, custos de frete praticamente idênticos. Isso porque, se considerarmos a grande maioria dos bens transportados, capacidade em termos de peso geralmente não consiste em um problema maior, no segmento rodoviário – o mesmo não se diz do espaço.
Que tal um exemplo simples: um caminhão com capacidade máxima de carga da ordem de 20 toneladas poderia, facilmente, carregar 20 toneladas de chumbo – o volume ocupado por esse peso do material seria pequeno em relação à carroceria da carreta. O desafio ficaria apenas por conta da acomodação dessa carga. Entretanto, seria impossível acomodar na mesma carreta 20 toneladas de algodão – isso simplesmente porque o volume ocupado por esse tipo de carga seria incomensurável.
Agora pensemos em termos de otimização – tanto do espaço, quanto do peso. Caso uma transportadora vencesse um contrato para transportar as mesmas 20 toneladas de chumbo e 20 toneladas de algodão, por intermédio de cálculos de cubagem, o mais correto seria efetuar diversas viagens com carga mista – parte de chumbo e parte de algodão. Assim, seria possível ocupar o volume total das carrocerias em praticamente todas as viagens, sem que houvesse sobrepeso ou desperdício.
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística recomenda que as tarifas-base por tonelagem sejam estipuladas levando em conta cargas com densidade que permita ao caminhão atingir seu limite de peso bruto sem que seja ultrapassada a capacidade de acomodação em termos volumétricos. Em outras palavras, impedindo que circulem caçambas abarrotadas e com material transbordando.
Fator de cubagem
Antes que possamos chegar à fórmula matemática para o cálculo da cubagem em cargas, é necessário entender um dos fatores dessa equação – o chamado fator de cubagem. Esse número é uma constante, sempre aplicadas nos cálculos de cubagem, e definido segundo o que seria o peso “ideal” para um volume equivalente a um metro cúbico transportado. A convenção estipula um fator de cubagem de 300 kg por metro cúbico – e esse número figura na equação, na hora de calcular.
Uma formulinha matemática
Sem muitas complicações, a fórmula para o cálculo da cubagem considera as três dimensões da carroceria – altura, largura e comprimento – e também o fator de cubagem mencionado acima. No caso de cargas fracionadas, também é considerado o número de unidades na equação:
ALTURA x LARGURA x COMPRIMENTO x (UNIDADES, SE NECESSÁRIO) x 300 (FATOR DE CUBAGEM)
Por exemplo, se precisarmos transportar 80 caixas de 10cm x 10cm x 10cm, cada uma com 1kg, poderíamos na verdade negociar uma tarifa bem mais vantajosa, levando em conta o peso individual do material. Apesar de contar com uma carga de 80kg, em termos “ideais” estaríamos ocupando apenas o equivalente a 24kg de carga no fator de cubagem, aplicando a fórmula:
0,1 x 0,1 x 0,1 x 80 x 300 = 24KG
Claro que nem sempre o cliente terá a vantagem – cargas leves em grandes volumes irão implicar em um efeito inverso após a aplicação da cubagem. Por isso, para empresas que necessitam de transporte frequente para materiais de maior volume, mas relativamente leves, o melhor é optar pela negociação de contratos de longo prazo e prestação de serviços, ao invés de negociar individualmente cada viagem.
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